Lançado no papel insensível aos sentimentos
O poema não me salva nem aplaca essa dor
Que hoje nem sua presença acalenta
Os últimos dias me lançaram ao passado
Descarregando na memória um rastro de tristeza
Buscando encontrar a arca perdida
Em que meu amor não foi suficientemente capaz
De fazer com que a luz que brilha em mim
Iluminasse o seu caminho
Onde o escuro entre nós se fez, se imaginei somente a luz?
Fiz da vida apenas a minha aventura e a abandonei?
Gravei apenas na página em branco a minha ternura?
Esqueci de olhar nos teus olhos e viajar contigo em tuas
palavras?
Fiz gestos indecifráveis que não
lhe entregou a beleza da vida?
Porém, no vazio que agora invade o meu coração
Encontrei a esperança em mil pedaços e chorei
Lágrimas de sal antigas nunca vertidas por você
- Sempre uma alegria
a encher os olhos de doce emoção
Mas ao erguer-me e enxugar as lágrimas
Vi que os pedaços frágeis da minha infinita esperança
Se dividiram para iluminar a beleza de seus dezessete anos
E respirando aliviado, esperancei que ela seria para sempre
E meu coração cantou baixinho um refrão sem pausa
Vai passar, vai passar, vai passar